Na hora de abrir uma empresa, uma decisão importante é sobre como funcionará o seu regime contábil. Ou seja: escolher entre o regime de caixa e o regime de competência.
Se você nunca ouviu falar sobre esses termos, neste artigo, vamos explicar em detalhes o que cada um significa e o que é válido levar em consideração na hora de selecionar a melhor opção para a sua organização. Boa leitura!
O que é regime de competência?
É um método para realizar o registro de lançamentos na data em que o evento contábil acontece.
Aqui, não importa quando o dinheiro vai ser pago ou recebido, mas sim quando foi realizada a transação.
Portanto, as receitas e investimentos são contabilizados dentro do mês no qual ocorreu o fato gerador (realização do serviço, compra do material, realização da venda etc), independente de quando o valor entrará ou sairá da conta da empresa.
Normalmente, os relatórios financeiros são baseados no regime de competência. Assim, trata-se de um recurso interessante para planejamento financeiro, já que possibilita uma maior previsibilidade de custos e despesas de um período.
Essa ferramenta também facilita a elaboração do chamado Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE), um relatório de gestão que possibilita a avaliação de lucros e prejuízos de um empreendimento.
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O que é regime de caixa?
No caminho oposto, temos este método que registra as receitas e despesas no momento do pagamento e do recebimento. Funciona de maneira semelhante a uma conta bancária.
Nesse caso, o setor financeiro de uma empresa contabiliza as receitas, custos, despesas e investimentos dentro do mês no qual foram pagos ou recebidos.
Esse é um caminho bastante benéfico para negócios que trabalham com vendas a prazo e prestações de serviço, já que o pagamento dos impostos incidentes são realizados somente depois da entrada do dinheiro.
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Qual a diferença entre regime de caixa e de competência?
Resumidamente, esses dois regimes são diferenciados da seguinte maneira:
• Regime de competência: considera a data em que a compra ou a venda aconteceu;
• Regime de caixa: considera a data em que o dinheiro efetivamente entrou ou saiu do caixa da empresa.
Como o primeiro método antecipa os lançamentos, acaba sendo utilizado sobretudo para fins de planejamento da contabilidade. Também é uma maneira obrigatória de fazer os registros contábeis.
Já o segundo se aproxima mais da realidade do cotidiano das pessoas. Dessa forma, é mais usado pelo setor financeiro, ligando-se ao fluxo de caixa de uma organização.
Quais são as principais vantagens e desvantagens do regime de competência?
Para entendermos mais profundamente esse assunto, separamos os principais pontos positivos e negativos de cada um dos regimes contábeis. Essas informações podem ser valiosas na hora de optar por um ou outro, ou os dois (que é o caminho mais indicado, mas falaremos sobre isso em breve).
Começando pelo regime de competência, destacamos:
Pontos positivos:
• Possibilidade de visualizar se o modelo de negócio do seu empreendimento continua fazendo sentido, ou seja, se ele deve continuar comercializando os mesmos produtos e serviços ou trocar de rota;
• Planejamento de investimentos futuros com mais segurança;
• Demonstração da rentabilidade da empresa, ou seja, se as receitas realizadas no longo prazo cobrirão as despesas;
• Auxílio na mudança de direção do planejamento estratégico, caso os resultados sejam insatisfatórios;
• Cumprimento de exigências legais com maior facilidade, já que é o modelo mais aceito.
Pontos negativos:
• Não considera a situação real do caixa da empresa, o que pode levar a dívidas desnecessárias;
• Gera falsas expectativas de receita, pois muitos imprevistos acontecem no intervalo entre o evento contábil e o pagamento, inclusive o rompimento de acordos estabelecidos;
• Engessamento do fluxo de dinheiro para pagamentos futuros, prejudicando algumas oportunidades interessantes.
Quais são as principais vantagens e desvantagens do regime de caixa?
Por sua vez, neste modelo, é possível ressaltar alguns itens:
Pontos positivos:
• Demonstra a situação real do caixa da empresa ao considerar os pagamentos efetivos;
• Informa sobre a liquidez do negócio, inclusive no que diz respeito à capacidade da organização de honrar com suas obrigações trabalhistas e fiscais, entre outras;
• Contribui com as tomadas de decisões no curto prazo;
• É de fácil adoção e compreensão.
Pontos negativos:
• Ignora os resultados operacionais, já que a visão é focada no que acontece no momento;
• Prejudica decisões de médio e longo prazo;
• Não possibilita o controle prévio das despesas.
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Quando utilizar o regime de caixa e o regime de competência?
Para finalizar, vamos responder essa dúvida bastante comum dos empreendedores, sobretudo daqueles que acabaram de entrar no mercado.
E a resposta é a seguinte: se possível, a melhor solução é optar pelos dois regimes, aproveitando os benefícios que ambos oferecem para a organização.
O regime de competência é extremamente útil, por exemplo, para realizar a medição dos resultados de uma empresa, analisando lucros e prejuízos. Por outro lado, é por meio do regime de caixa que são confeccionados demonstrativos financeiros relevantes para a gestão do negócio.
Assim, ambas as visões são necessárias e complementares, oferecendo dados importantes para embasar e direcionar as próximas decisões relacionadas ao empreendimento.
Esperamos que este conteúdo tenha ajudado você a ter uma visão mais clara e completa sobre regimes contábeis e como eles funcionam. Lembre-se de compartilhá-lo com seus colegas empreendedores!