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Planejamento financeiro em períodos de crise

13 de julho de 2020
planejamento financeiro

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A crise desencadeada pela disseminação do novo coronavírus em todo o país trouxe um período de incertezas e instabilidade para os negócios ― sobretudo às pequenas e médias empresas que não criaram um planejamento financeiro e que são as mais afetadas pelos impactos da pandemia.

Impossibilitados de abrir as portas, esses negócios já enfrentam uma considerável queda no faturamento. De acordo com um levantamento do Sebrae, realizado no último mês, mais de 89% dos negócios entrevistados registraram queda de cerca de 64% do faturamento no período. Além disso, de acordo com as estimativas da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), o impacto do isolamento no varejo será de R$ 100 bilhões até maio.

Esses números em grande parte são motivados pelo fechamento de lojas físicas e pela própria mudança de comportamento do consumidor, que busca evitar aglomerações, seguindo as recomendações dos órgãos de saúde.

 

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Mas, afinal, como sobreviver à crise sem o faturamento planejado? Fabian Meyer, gerente financeiro da fintech Cora, esclarece que os pequenos negócios sofrem mais em decorrência da falta de previsibilidade e planejamento financeiro, embora surjam com necessidades imediatas de faturamento.

 

“A abertura de negócios no Brasil em geral se dá pela falta de opção de uma renda fixa ou mesmo pela perspectiva de um crescimento na renda familiar. A partir disso, a conta do empreendedor é voltada para o curto prazo: Qual a receita que vou ganhar X Qual o gasto que vou ter para gerar essas receitas. O planejamento financeiro acaba não levando em conta as necessidades de investimento e financiamento da operação, nem as necessidades de caixa de médio e longo prazo que sustente este crescimento”, esclarece.

 

De acordo com o especialista, este problema poderia ser minimizado com uma boa gestão de fluxo de caixa. “É o saldo disponível na conta da empresa que vai permitir com que ela honre com seus compromissos futuros, mesmo em momentos em que a receita desaparece, como foi o caso de muitos negócios após o início da pandemia”.

 

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Ainda de acordo com o especialista, a grande maioria das empresas têm o vencimento das suas contas após o recebimento das suas receitas, e no cenário atual, em que essas receitas desaparecem e as contas continuam a chegar, não existe um caixa, ou uma reserva financeira, que permita que essas empresas mantenham suas atividades.

Portanto, em momentos de incerteza econômica, é essencial que o empreendedor “arrume a casa”, reveja processos, formatos de trabalho e organize todos os processos gerenciais do negócio e isso inclui a criação de um planejamento financeiro. “Os desejos e os sonhos do empreendedor são o destino que ele persegue para a sua vida e a vida do seu negócio. Essa é a visão de onde ele quer chegar. As finanças são o mapa. O planejamento financeiro irá proporcionar ao empreendedor entender quais serão os desafios desta viagem, e quais serão as diferentes opções de rota que ele precisará seguir ao longo da jornada. O planejamento financeiro basicamente se resume a disciplina do empreendedor em organizar as informações que estão a sua volta”, pondera Meyer.

O especialista ainda enfatiza que esse trabalho pode e deve ser feito mesmo por quem não é tão familiarizado com números e finanças. “A disciplina e a organização dessas informações, irão permitir que o empreendedor entenda o quanto entra e quanto sai do seu negócio, quem são seus principais fornecedores, quais as condições de pagamento que ele possui e quais as condições de recebimento que ele tem com os clientes, entre outras informações. Todas elas já existem na vida dele, a grande chave é a disciplina para organizá-las. E aí, qualquer ferramenta serve, desde o bom e velho caderno, até planilhas de excel ou ferramentas online. Todas elas dependem de uma boa informação, clara e organizada”.

Meyer ainda recomenda que o melhor caminho para administrar a crise é pensar de forma estratégica e embasada nessas informações, evitando agir de forma precipitada.

 

“Decisões por impulso em geral tem consequências que não conseguimos mensurar. É importante que cada um invista um momento em organizar as informações e preparar o mapa da sua viagem. A trilha pode ser dura, mas se soubermos o caminho, conseguiremos chegar aos nossos sonhos”, conclui.

 

6 passos para montar um planejamento financeiro efetivo

Durante turbulências financeiras, algumas medidas podem trazer um verdadeiro alívio no orçamento. A principal delas é fazer um bom planejamento financeiro, a fim de identificar os pontos de melhoria para uma recuperação mais rápida.  Os especialistas em finanças da Cora criaram um passo a passo para te ajudar neste processo. Confira a seguir.

 

1. Analisar o histórico de gastos

É  importante fazer um levantamento dos gastos e das receitas dos últimos períodos. Ter o histórico auxilia muito neste processo.

Caso não tenha essas informações, é possível elaborar o chamado Orçamento Base Zero, no qual o empreendedor tenta fazer uma previsão de gastos simplesmente olhando para o futuro tentando antecipar o que realmente considera essencial neste momento. Todo o resto deveria ser cortado.

 

2. Listar e classificar ganhos e gastos

O primeiro passo para organizar o fluxo de caixa é listar tudo o que já está contratado, tanto as entradas já previstas, bem como os gastos (contas a pagar e contas a receber). Isso vai dar um panorama geral da empresa.

Hora de colocar todos os valores na ponta do lápis, considerando tudo o que você tem de ganhos e subtraindo gastos/dívidas. Sobrou ou faltou dinheiro no final do mês? Se estiver faltando algo, é hora de repensar e tomar atitudes diferentes.

Vai ser um momento importante de tomada de decisões que deverá ser compartilhada com os sócios e outros administradores.

É importante separar aquilo que é gasto essencial, como aluguel, luz, água; daquilo que é supérfluo, por exemplo, pacote de internet, TV por assinatura.

É importante também colocar neste controle as suas dívidas (atuais ou potenciais) que possam impactar o fluxo de caixa: empréstimos, financiamentos, boletos atrasados, etc.

 

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3. Renegociar gastos

Embora o aluguel seja um gasto essencial, o empreendedor está impossibilitado de usar o local. A quarentena é uma situação atípica e impossível de ser prevista em qualquer contrato.

Ao alugar um imóvel você aluga para usufruí-lo comercialmente, com a quarentena o empreendedor foi impossibilitado do uso, por isso é aconselhável que converse com o proprietário para tentar renegociar o valor.

Se o estabelecimento está fechado, faz todo sentido cancelar ou suspender todos os serviços como pacote de internet e TV, uma vez que não estão sendo utilizados, precisa-se eliminar esses gastos extras.

A mesma análise deve ser feita para todos os outros gastos que a empresa tem. Este é o momento de pensar em cortar tudo aquilo que não é essencial para o seu negócio.

Se a empresa tiver dívidas, vale priorizar a renegociação daquelas que possuem juros mais altos. As consequências de atrasar os pagamentos geram o “efeito bola de neve”, comprometendo ainda mais a saúde financeira da empresa no futuro.

 

4. Considerar opções de crédito

Optar por linhas de crédito para empresas pode ser uma boa alternativa para colocar o orçamento em dia e fugir dos juros abusivos. É possível trocar uma dívida mais cara por uma mais barata. É a chamada portabilidade de dívida.

Para isso, é importante pesquisar bem as opções disponíveis no mercado e para o seu negócio específico. Essa pesquisa pode ser feita online, por meio de simulações de crédito. Vale lembrar que não é preciso realizar nenhum pagamento antecipado para fazer isso. Empresas idôneas oferecem o recurso de forma online e totalmente gratuita.

Depois, compare a opção mais adequada, de acordo com o seu planejamento. Para isso, avalie o Custo Efetivo Total (CET) da operação, que englobam todos os custos do processo (impostos, taxas, seguro, abertura de cadastro), incluindo também os juros.

Além disso, ao tomar a decisão de se contratar um empréstimo, é importante sempre levar em consideração como ele irá impactar o fluxo de caixa da empresa. Apesar de ter o dinheiro na mão, o fluxo ficará comprometido com uma dívida.

 

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5. Estabelecer metas e prioridades

Estabelecer metas de curto/médio/longo prazos de forma objetiva e com valores planejados  é importante para ter um objetivo e seguir o planejamento.

Caso o nível de endividamento seja muito grave, considere tomar medidas mais drásticas, por exemplo: procurar um outro imóvel mais barato ou procurar outros fornecedores com preços mais acessíveis.

Neste momento de redução de gastos, muito empreendedor acaba tendo dúvidas do que priorizar. Antes de tomar qualquer decisão, é importante listar todos estes gastos e classificá-los, como:

  • Gastos estratégicos – gastos que agregam valor à marca, ao produto e ao serviço.
  • Gastos não-estratégicos – obrigações que não são diretamente perceptíveis por parte dos clientes.

A prioridade deve ser em manter em dia os gastos estratégicos. Um dos primeiros gastos a serem priorizados é aquele relacionado aos colaboradores. Sem colaboradores a empresa não funciona, então buscar formas de honrar estes compromissos, mesmo neste momento de dificuldade, é muito importante.

Na sequência, os pedidos já realizados também devem ser priorizados, mesmo que precise fazer negociações. O mesmo vale para os gastos com aluguel e condomínio.

 

6. Acompanhar o fluxo de caixa

Após tomar todas estas medidas, continue acompanhando o seu fluxo de caixa para ver se está melhorando e se ainda há oportunidades para reduzir outros gastos nos meses seguintes. Uma boa medida para acompanhamento e controle é a regra 50-30-20:

  • 50% para gastos essenciais
  • 30% para gastos variáveis
  • 20% para dívidas e investimentos

 

Como vimos, uma das alternativas que pequenos negócios têm para proteger o fluxo de caixa neste momento é tentar reduzir custos e isso inclui os serviços financeiros. Não é hora de pagar mensalidades ou tarifas bancárias por serviços financeiros simples, como a emissão de boletos.

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Por Equipe Cora
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