Sabendo que o capital de giro é o recurso financeiro que a empresa deve ter disponível para manter sua operação, vem a dúvida: como calcular a necessidade de capital de giro? Ou seja, como estipular o valor dessa reserva?
Até porque, como você deve imaginar, cada empresa tem um perfil de fluxo de caixa, logo, o montante de capital necessário pode variar conforme o modelo de negócio.
Ainda assim, é possível calcular a necessidade de capital de giro, como vamos mostrar neste conteúdo, para você aplicar na sua empresa sem complicação.
O que é e para que serve o capital de giro?
Capital de giro é o recurso financeiro disponível para a empresa custear suas despesas fixas e variáveis enquanto o dinheiro resultante das vendas não retorna ao caixa.
Isso porque, existe um ciclo que começa quando a empresa paga por um produto ao fornecedor.
Depois, o produto fica disponível para venda. Mas, ainda que o item seja vendido, o dinheiro pode não entrar imediatamente no caixa, se o pagamento for a prazo.
Aqui, utilizamos o exemplo de um produto para revenda, porém, a mesma lógica se aplica à prestação de serviços ou fabricação de produtos: demora um tempo até o valor retornar ao caixa da empresa, acrescido de lucro.
Entretanto, nesse intervalo, o negócio continua tendo que pagar suas despesas, incluindo aluguel, salários, reposição de estoques e contas de consumo.
Desse modo, o capital de giro para empresas garante a manutenção das atividades do negócio nesse intervalo.
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Como calcular a necessidade de capital de giro?
Vale dizer que não existe um método único de como calcular a necessidade de capital de giro de um negócio.
Porém, uma forma simples de chegar ao valor necessário é calcular os prazos médios de pagamento e recebimento, o custo médio da empresa e o valor mínimo de estoque.
E para chegar a esses valores médios, você deve analisar o controle de fluxo de caixa da empresa, ou seja, os registros de todas as entradas e saídas de dinheiro.
Veja a seguir como calcular a necessidade de capital de giro em 5 passos:
1. Calcule o prazo médio de pagamento e recebimento
O prazo médio de pagamento é a média de tempo, em dias, que a empresa tem de prazo nas contas a pagar.
Então, suponhamos que 50% dos pagamentos a fornecedores são feitos à vista (0 dias de prazo) e 50% em 30 dias, logo, o prazo médio é de 15 dias.
E o prazo médio de recebimento representa o tempo que a empresa precisa aguardar até que o saldo de suas vendas fique disponível.
Isso porque, nem sempre o dinheiro da venda de um produto ou serviço entra no caixa de forma imediata, já que a empresa pode oferecer formas de pagamento a prazo, como cartão de crédito e boleto parcelado.
Da mesma forma, aqui é preciso considerar os dados do fluxo de caixa para chegar a uma estimativa confiável, não adianta “chutar”.
Sendo assim, usando um exemplo simplificado, se metade dos clientes paga em 30 dias e metade paga em 60 dias, o prazo médio de recebimento é de 45 dias.
2. Estime o período que o capital de giro deve cobrir
A partir dos prazos médios de pagamento e recebimento, você consegue estimar o tempo que a empresa fica “descoberta”, ou seja, o período médio em que o capital de giro será utilizado para pagar as despesas do negócio.
Assim, retomando os exemplos anteriores, se o prazo médio de pagamento de uma empresa são 15 dias e o de recebimento são 45 dias, o capital de giro deve cobrir um período de 30 dias.
Ou seja, você deve subtrair o prazo médio de pagamento do prazo médio de recebimento para chegar à base de cálculo do capital de giro referente ao período.
3. Calcule o custo médio da empresa
O cálculo do custo médio inclui todas as despesas fixas e variáveis da empresa. As despesas fixas são aquelas que ocorrem todos os meses, como aluguel, contas de consumo e salários.
Já as despesas variáveis dependem da operação da empresa, como custos de frete e transporte, manutenções não programadas, taxas e comissões sobre vendas.
Ainda que alguns gastos possam variar conforme o mês, analisando os registros, é possível é chegar a uma estimativa do custo médio mensal da empresa.
Então, você deve dividir o valor do custo mensal por 30, para chegar a uma média por dia. Se o custo médio estimado por mês é de R$ 15 mil, por exemplo, o valor médio por dia será R$ 500.
4. Multiplique o custo diário pelo período de cobertura do capital de giro
Por último, você deve multiplicar ao valor diário do custo médio da empresa pelo período médio que o capital de giro deve cobrir, visto no passo 2.
Sendo assim, se o custo por dia é de R$ 500 e o prazo médio de cobertura em que a empresa depende do capital de giro são 30 dias, a necessidade mínima de capital de giro são R$ 15 mil.
5. Considere o valor mínimo de estoque
Se a empresa realiza a venda de produtos ou depende de matéria-primas e insumos para produção, também será preciso incluir o valor do estoque mínimo necessário no cálculo.
Portanto, no exemplo anterior, se o valor mínimo de estoque for R$ 5 mil, a necessidade mínima de capital de giro é de R$ 20 mil.
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Qual a fórmula para calcular o capital de giro?
Para analisar o capital de giro de uma empresa, utilizamos a fórmula do capital circulante líquido (CCL):
CCL = ativo circulante (AC) – passivo circulante (PC)
Assim, para aplicar a fórmula, você precisa calcular o ativo circulante e o passivo circulante da sua empresa.
Em resumo, o ativo circulante representa todos os recursos que a empresa tem disponível para uso no curto prazo, como saldo em caixa ou na conta PJ, estoques, boletos de cobrança emitidos e recebíveis de cartões de crédito.
Já o passivo circulante representa a soma das contas a pagar da empresa no curto prazo, como aluguel, contas de consumo, salários, empréstimos e faturas de fornecedores.
Então, após calcular os montantes de contas a pagar e a receber, basta substituir os valores na fórmula para chegar ao capital de giro líquido da empresa. Veja um exemplo de cálculo do CCL:
AC = R$ 65.000
PC = 30.000
CCL = R$ 65.000 – 30.000
CCL = 35.000
Logo, no exemplo acima, o valor do capital circulante líquido é de R$ 35 mil, ou seja, a empresa tem capital de giro positivo.
Como analisar o resultado?
A princípio, quando o capital de giro é positivo, significa que o negócio tem recursos para manter suas operações, sem precisar recorrer a um empréstimo para capital de giro.
Por outro lado, quando o capital de giro é negativo, indica a necessidade de recorrer a recursos externos, como alguma linha de crédito para capital de giro.
Porém, mesmo com um saldo de capital circulante líquido positivo, a empresa pode ter dificuldades para manter suas obrigações.
Isso ocorre, por exemplo, quando existe um valor muito alto de estoque, assim como um estoque com maioria dos produtos de giro lento ou itens obsoletos.
Outro fator que pode afetar o capital de giro de uma empresa é a inadimplência, já que ela impacta o saldo de contas a receber.
Nesse sentido, adotar um sistema de gestão de cobrança pode ajudar a reduzir o problema.
Com a gestão de cobrança da Cora, por exemplo, você pode emitir uma notificação automática de cobrança para cada cliente, prevenindo atraso por esquecimento.
Esperamos que o artigo tenha ajudado a tirar suas dúvidas sobre como calcular a necessidade de capital de giro do seu negócio e ajude a melhorar a gestão do recurso.
E para continuar aprendendo sobre o assunto, você também pode conferir o conteúdo que preparamos sobre capital de giro para empresas de serviços.