IPCA é a sigla para Índice de Preços ao Consumidor Amplo. O indicador mede a variação dos preços em determinado período – e é considerado o índice de inflação oficial do Brasil. Sendo assim, uma dúvida frequente é saber como é calculado o IPCA.
Até porque, os números fornecidos por esse índice podem não corresponder ao aumento nos preços de produtos e serviços percebidos por uma pessoa ou empresa em uma data.
Por isso, preparamos este conteúdo explicando o que é e como é calculado o IPCA, além de abordar como funciona a correção de contratos a partir desse índice de inflação.
O que é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)?
Para explicar o que é IPCA, precisamos falar um pouco sobre o conceito de inflação.
Na definição do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), inflação é “o nome dado ao aumento dos preços de produtos e serviços”.
Então, para medir o aumento dos preços, é necessário utilizar os chamados índices de inflação, dos quais o IPCA é um exemplo.
Desse modo, cada índice considera as variações periódicas no preço de um conjunto de bens ou serviços. O objetivo é chegar a um percentual que representa a taxa de inflação.
Portanto, se você lê uma notícia que diz que “a inflação para o período X foi de 1%”, esse é o percentual apresentado por algum índice de inflação.
Logo, isso significa que os preços dos produtos e/ou serviços considerados pelo índice aumentaram em média 1% no período em questão.
Como adiantamos, o IPCA é o índice oficial de inflação do Brasil. Portanto, ele é a referência que o Governo Federal utiliza para acompanhar e controlar o impacto da inflação na economia.
Inclusive, o Copom (Comitê de Política Monetária) inclui o IPCA nos fatores que analisa para determinar a taxa Selic, taxa básica de juros da economia brasileira.
Então, para calcular o IPCA, o IBGE mede a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços de consumo da população. Falaremos mais sobre como é calculado o IPCA em outro tópico.
Qual a diferença entre IPCA e INPC?
Vale dizer que o IPCA se refere ao custo médio de vida de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos. Por isso, ele engloba uma parcela maior da população.
Já o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) — que o IBGE calcula com a mesma metodologia do IPCA — indica o custo de vida médio apenas de famílias com renda mensal entre 1 e 5 salários mínimos.
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Como é calculado o IPCA?
O IBGE calcula o IPCA tendo como base a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços de consumo da população.
Assim, o Instituto faz a composição da cesta partir da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF). Tal pesquisa investiga o que a população consome e o peso de cada produto ou serviço no orçamento das famílias.
Dessa forma, atualmente, a cesta inclui itens das seguintes categorias:
- Alimentação e bebidas;
- Transportes;
- Habitação;
- Artigos de residência;
- Saúde e cuidados pessoais;
- Despesas pessoais;
- Comunicação;
- Educação;
- Vestuário.
Então, a coleta de preços para o cálculo do índice é feita em estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, concessionária de serviços públicos e internet. E sua coleta é realizada, em geral, do dia 01 ao dia 30 do mês de referência.
Daí, o IBGE usa um modelo estatístico para comparar os preços encontrados aos do mês anterior, chegando ao valor único que representa a variação geral dos preços no período para as famílias consumidoras.
Aliás, vale dizer que a população que o cálculo do IPCA abrange inclui famílias residentes nas áreas urbanas das regiões metropolitanas de:
- Belém;
- Fortaleza;
- Recife;
- Salvador;
- Belo Horizonte;
- Vitória;
- Rio de Janeiro;
- São Paulo;
- Curitiba;
- Porto Alegre.
Além disso, o cálculo do IPCA também engloba famílias do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.
A propósito, as regiões citadas acima compõem o Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor — SNIPC.
Ademais, como adiantamos, a referência de renda para o cálculo do IPCA são famílias com rendimentos entre 1 e 40 salários mínimos por mês. Essa faixa de renda foi criada para cobrir 90% das famílias em áreas urbanas do SNIPC.
Como acompanhar as variações do IPCA?
O IBGE disponibiliza os resultados do IPCA a cada mês em seu site, permitindo optar pela média nacional ou resultados por região.
Dessa forma, pelos resultados, é possível conhecer as variações de preço nas categorias incluídas no cálculo do IPCA, além do índice geral.
Lembrando que os valores apresentados pelo IPCA podem não coincidir com a percepção de aumento de preços individual, seja de uma pessoa ou de uma empresa, já que se tratam de uma média obtida por um modelo de cálculo.
Da mesma forma, isso também pode acontecer com outros índices de inflação. Mas o fato não anula a importância e a utilidade dos índices, que funcionam como parâmetros na economia.
Como funciona a correção pelo IPCA?
A correção pelo IPCA é um mecanismo utilizado para atualizar valores de contratos, salários e outras obrigações financeiras, para compensar a inflação acumulada no período.
Sendo assim, a correção pelo IPCA é utilizada para proteger o poder de compra das pessoas e empresas, evitando que a inflação afete seus recursos financeiros.
Nesse sentido, a correção pelo IPCA funciona da seguinte forma: é preciso multiplicar o valor a corrigir pelo índice de variação do IPCA em determinado período.
Por exemplo, um contrato que estabelece que o valor a ser pago deve ser corrigido pelo IPCA anualmente vai ser reajustado exatamente de acordo com o IPCA acumulado no período.
Assim, se o IPCA do ano foi de 5%, o valor será corrigido em 5%. Para ficar mais claro, se o valor inicial do contrato era de R$ 1 mil, a correção pelo IPCA representa um aumento de R$ 50, atualizando o valor para R$ 1.050.
Quando a correção pelo IPCA é aplicada?
Em geral, utiliza-se a correção pelo IPCA em contratos de longo prazo, como financiamentos imobiliários e alguns tipos de empréstimo. Ela também pode ser usada para definir o percentual de retorno em investimentos.
Vale ressaltar que, além do IPCA, outros índices de inflação podem ser usados como referência para o reajuste de contratos, como o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), por exemplo.
A propósito, é recomendável considerar as variações na inflação — a partir do índice mais adequado para o seu modelo de negócio — na sua estratégia de precificação, para garantir atualização dos custos.
Inclusive, o IBGE disponibiliza a calculadora do IPCA em seu site, para a atualização de valores com base no índice de inflação.
E agora, ficou claro como é calculado o IPCA? Esperamos que o post tenha descomplicado o assunto para você. Quem empreende não precisa ser especialista em economia, mas é importante entender conceitos essenciais com impacto nas finanças do negócio.
E, falando em economia, você pode gostar de um conteúdo que explica o que é o Boletim Focus do Banco Central e por que é importante acompanhá-lo. Até mais!