Como vai funcionar o Real Digital? O dinheiro em papel deixará de existir? Qual o impacto da inovação na vida dos brasileiros?
O anúncio da moeda digital brasileira levanta uma série de dúvidas. Até porque, essa tecnologia ainda está em fase de testes.
Mas já podemos adiantar que o Real em cédulas de papel seguirá existindo, pois o Banco Central não emitiu nenhum aviso sobre uma substituição definitiva.
De todo modo, já temos algumas informações sobre como o Real Digital vai funcionar, os impactos da nova tecnologia e o cronograma de implantação da moeda virtual do Brasil. Continue com a gente para conferir.
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O que é o Real Digital?
O Real Digital será a versão digital da moeda brasileira. Logo, o Real Digital será equivalente ao dinheiro em espécie (notas e moedas) e igualmente emitido e controlado pelo Banco Central (BC).
O projeto iniciou suas atividades com a Portaria n.º 108.092, de 20 de agosto de 2020, que estabeleceu a criação de um grupo de trabalho para estudar os desafios, benefícios, impactos e eventuais riscos da moeda digital.
Assim, o objetivo inicial foi estudar a emissão de moeda digital por bancos centrais (Central Bank Digital Currency – CBDC), tecnologia que passa por testes em diversos países, incluindo China, Estados Unidos e Canadá.
Portanto, o Real Digital será a CBDC brasileira e terá duas modalidades: Real Digital (CBDC de atacado) e Real Tokenizado (CBDC). Desse modo, as duas espécies terão os seguintes usos:
- Real Digital (atacado): para transações de valores elevados entre instituições financeiras como bancos, instituições de pagamento, cooperativas, etc. Podendo, ainda, ser usado por grandes empresas, eventualmente.
- Real Tokenizado (varejo): será usado em pagamentos e transferências por pessoas físicas e empresas de todos os portes, para transações cotidianas de valores diversos. Logo, é a modalidade que chegará à população.
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Como o Real Digital vai funcionar?
Para ter acesso à moeda digital, na prática, uma pessoa física ou empresa deverá ter uma carteira virtual em um agente autorizado pelo BC, como um banco, fintech ou instituição de pagamento.
Fora isso, o Real Digital ficará sujeito às mesmas regras da versão física, com o controle de estabilidade do valor de compra e da quantidade de dinheiro em circulação pelo Banco Central.
Porém, vale ressaltar que o projeto ainda está em fase de testes, logo, as respostas sobre como o Real Digital vai funcionar que temos até agora se baseiam no que já foi divulgado pelo BC.
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Diferença entre Real Digital e dinheiro em contas bancárias
Sabendo que o Real Digital será uma versão digital do dinheiro que usamos, vem a pergunta: mas isso já não acontece com o dinheiro depositado em uma conta bancária, por exemplo?
Afinal, o dinheiro que você usa para enviar um Pix existe e está disponível, mas não em espécie, certo?
Aqui, uma das diferenças é que os Reais que hoje estão depositados em contas correntes são de responsabilidade da instituição que captou o depósito, enquanto os Reais Digitais serão uma responsabilidade direta do Banco Central.
Porém, o BC já anunciou que essa diferença não é o foco do projeto, e sim avançar na modernização do sistema de pagamentos brasileiro.
Então, o Real Digital vai complementar o Pix e o Open Banking, trazendo mais flexibilidade, produtos mais adequados às necessidades de quem consome e custos de intermediação reduzidos.
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O que muda com o Real Digital?
As mudanças que o Real Digital trará serão mais ligadas aos bastidores das transações financeiras do que à forma como fazemos transferências e pagamentos atualmente.
Isso porque uma das diretrizes do BC no desenvolvimento da moeda digital é permitir sua operação com os meios de pagamento digitais já existentes, incluindo o Pix.
Portanto, a expectativa é que será possível transferir Reais Digitais para outras pessoas ou empresas, sacar os Reais digitais (passando para o formato de cédulas), além de pagar contas e boletos com a moeda virtual.
Por outro lado, o Real Digital pode reduzir o tempo de liquidações de algumas operações — como transações envolvendo títulos públicos, por exemplo.
Além disso, é possível surgirem novas funcionalidades, como pagamentos e transferências programáveis sem o intermédio de instituições financeiras.
Também se cogita o uso da moeda virtual brasileira em transações internacionais. Nesse sentido, o Real Digital poderia ser usado no exterior sem a necessidade de conversão.
Qual a diferença do Real digital para o Pix?
O Pix é um meio de pagamento, enquanto o Real Digital será a própria moeda circulante, só que em versão digital.
Sendo assim, é provável inclusive que seja possível enviar um Pix usando Reais Digitais, como adiantamos. A propósito, temos um post detalhando a diferença entre Real Digital e Pix aqui no blog.
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Quando começa a valer o real Digital?
A expectativa é que o Real Digital esteja disponível para a população até dezembro de 2024. Por enquanto, a tecnologia está em fase de desenvolvimento e testes, que deve durar até fevereiro de 2024.
Em uma coletiva de imprensa do Banco Central realizada em 06 de abril, o órgão anunciou o lançamento do projeto-piloto da moeda virtual.
Então, os testes dessa etapa serão feitos em ambiente simulado, sem envolver transações e valores reais. Nesse contexto, o projeto simulará a participação de usuários finais por depósitos tokenizados do Real Digital.
Além disso, apenas instituições financeiras autorizadas pelo BC poderão participar do piloto. O Banco Central escolherá as instituições participantes, que entrarão no projeto a partir de maio.
A propósito, a plataforma escolhida pelo Banco Central para os testes com a moeda digital foi a Hyperledger Besu.
Esperamos ter descomplicado como vai funcionar o Real Digital, a partir das informações que o BC liberou até agora.
Mas, enquanto a nossa moeda digital não chega, que tal aprender mais sobre o meio de pagamento mais usado no Brasil? Temos um conteúdo explicando como funciona o Pix para PJ. Esperamos que seja útil, até a próxima!