O IPCA é um dos índices de inflação mais importantes no Brasil. Por mais que a maioria das pessoas já tenha ouvido falar sobre o assunto em algum momento, nem todo mundo tem clareza sobre a importância desse indicador e como ele é capaz de influenciar o poder de compra.
Além de oferecer um panorama sobre a oscilação de preços, o IPCA também é utilizado como base para medidas econômicas.
Visto que se trata de um índice fundamental no dia a dia de toda a população, é necessário entender como ele funciona e impacta o seu bolso. Então, que tal continuar lendo este artigo para aprender mais sobre o tema?
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O que é IPCA?
Vamos começar pelo básico, entendendo sobre o que se trata esta sigla, que significa Índice de Preços ao Consumidor Amplo.
O IPCA, criado em 1979, é um dos índices de inflação mais importantes em nosso País. Tem como objetivo medir a variação dos preços de um conjunto de serviços e produtos consumidos pela população brasileira.
O foco do IPCA é contemplar 90% de quem vive nas áreas urbanas do Brasil, por isso é chamado de “amplo”. E o seu resultado indica se, na média, os preços aumentaram, diminuíram ou permaneceram estáveis de um mês para o outro.
Calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o indicador é utilizado pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) como parâmetro para ajustes nas metas de inflação. Além disso, o Copom (Comitê de Política Monetária) o utiliza para revisar a Selic, a taxa básica de juros da economia.
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Qual é a composição do IPCA?
A definição da composição da cesta de serviços e produtos que têm seus preços acompanhados mês a mês parte da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF).
Este levantamento, por sua vez, tem como objetivo mensurar os hábitos de consumo dos brasileiros, sinalizando qual peso cada tipo de gasto tem no orçamento médio.
Lembrando que a POF é atualizada de tempos em tempos, pois o consumo de 20 anos atrás é diferente do atual. Quando isso acontece, o cálculo do IPCA também sofre alterações. Afinal, o índice precisa refletir o cenário mais próximo da realidade das pessoas.
Para se ter ideia, a cesta atual do IPCA conta com itens que, anos atrás, não existiam, por exemplo: transporte por aplicativos e serviços de streaming. Ao mesmo tempo, elementos que antes eram relevantes, como locação de DVD e telefone público, não têm mais representatividade nos gastos dos brasileiros e saíram da cesta.
A composição do IPCA foi atualizada pela última vez no começo de 2020, totalizando 377 itens que têm os preços coletados mensalmente. Estão divididos em nove grupos de gastos. São eles:
Grupo | Peso (%) |
Alimentação e bebidas | 19,3 |
Habitação | 15,6 |
Artigos de residência | 3,8 |
Vestuário | 4,6 |
Transportes | 20,6 |
Saúde e cuidados pessoais | 13,5 |
Despesas pessoais | 10,7 |
Educação | 6,1 |
Comunicação | 5,7 |
Fonte: IBGE
Quais são os pesos regionais do IPCA?
Outro ponto importante é o fato de que as regiões do país têm um peso diferente na composição do IPCA, sendo que os dados são coletados nas regiões metropolitanas de 16 capitais, mas cada uma tem uma representatividade diferente.
A diferença é determinada de acordo com a renda média das famílias, ou seja, pesam mais no IPCA os lugares com rendimento maior e vice-versa. A estrutura de pesos regionais é a seguinte:
Área | Peso (%) |
Rio Branco | 0,5 |
Belém | 3,9 |
São Luís | 1,6 |
Fortaleza | 3,2 |
Recife | 3,9 |
Aracaju | 1,0 |
Salvador | 6,0 |
Belo Horizonte | 9,7 |
Vitória | 1,9 |
Rio de Janeiro | 9,4 |
São Paulo | 32,3 |
Curitiba | 8,1 |
Porto Alegre | 8,6 |
Campo Grande | 1,6 |
Goiânia | 4,2 |
Brasília | 4,06 |
Fonte: IBGE
Como o IPCA é calculado?
Para calcular o IPCA, o IBGE faz um levantamento mensal em determinadas áreas urbanas do Brasil, considerando cerca de 430 mil preços em 30 mil locais de uma cesta de 377 produtos e serviços.
Feito isto, os preços são comparados com o mês anterior e resultam em um único valor médio (ponderado) que irá refletir a variação geral no período analisado.
Para consultar a variação acumulada nos últimos 12 meses, basta acessar o site do IBGE.
O que faz o IPCA subir ou descer?
Conforme você aprendeu ao longo deste artigo, o IPCA está diretamente relacionado à inflação, que é o aumento dos preços de bens e serviços.
Há diversos fatores que impactam esse índice de preços, entre eles a lei da oferta e da procura. No geral, o produto ou serviço sobe de preço se a procura aumenta e a sua oferta permanece igual ou diminui. Ao mesmo tempo, se a procura diminui ou se mantém estável e a oferta cresce, o preço tende a diminuir.
No ramo de alimentos, por exemplo, o resultado das safras costuma reduzir ou aumentar o valor dos produtos com base nessa lógica.
Outro fator que influencia a oscilação do IPCA é o preço do dólar, pois muitos produtos que os brasileiros consomem são importados. Se a moeda americana ficar mais cara, a tendência é que os preços subam também.
Portanto, caso o empresário se depare com um valor mais alto para fazer o produto chegar até o consumidor, provavelmente ele irá repassar esse extra ao cliente.
Um ponto importante para se ter em mente é que a redução do número do IPCA não significa que os preços gerais diminuíram, e sim que cresceram menos do que no mês anterior. Ou seja: para ocorrer deflação (queda de preços), é necessário que o IPCA seja negativo.
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Como o IPCA impacta os investimentos?
Visto que o IPCA tem relação com a taxa Selic e está atrelado aos investimentos, é importante ter em mente que se trata de um indicador que influencia a rentabilidade dessas aplicações.
Portanto, o aumento do IPCA quase sempre é acompanhado do aumento da Selic, que é usada como indexadora de vários investimentos em renda fixa, como CDBs, CDIs, Tesouro Direto, LCIs e LCAs, entre outros.
Ou seja: o IPCA impacta indiretamente a rentabilidade desses investimentos, que se beneficiam da inflação crescente.
Além disso, é esperado que os investimentos rendam mais que o IPCA, pois dessa forma estão mantendo ou aumentando o poder de compra das pessoas.
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Prontinho, agora você já tem as informações mais importantes, sabe o que significa IPCA e entendeu como este indicador influencia o seu dia a dia. Vale ficar de olho nesse número todos os meses para entender a alta nos preços e se planejar financeiramente!