Quando se fala em empréstimos e financiamentos, o termo amortização aparece com frequência. Porém, é normal ter dúvidas sobre o que é amortização e como funciona, na prática.
Afinal, o que significa amortizar uma dívida? É antecipar o pagamento das parcelas ou reduzir o prazo de financiamento?
Neste artigo, você confere as respostas para as perguntas acima, além de conhecer as formas principais de amortizar uma dívida, para entender de vez o que é amortização.
O que é amortização?
Amortização é o processo de quitar o saldo devedor de uma dívida, que pode ser um empréstimo ou financiamento.
Sendo assim, em resumo, amortizar se refere à diminuição do valor devido por uma pessoa física ou jurídica (empresa).
Portanto, a amortização pode acontecer pelo pagamento das parcelas no prazo previsto no contrato ou de forma antecipada.
Ou seja, quando você contrata um empréstimo ou financiamento, a cada parcela paga, está amortizando uma parte da dívida.
Porém, é possível ainda antecipar os pagamentos para acelerar a quitação, o que pode reduzir o valor total devido, inclusive.
Aliás, as dúvidas sobre o que é amortização costumam ser nesse sentido, de antecipar pagamentos para quitar a dívida mais rápido e/ou por um valor menor.
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Quais são os tipos de amortização?
No Brasil, os dois sistemas de amortização mais utilizados são o SAC (Sistema de Amortização Constante) e a Tabela Price.
Antes de detalhar como funciona o cálculo de amortização em cada sistema, é importante mencionar que o valor das parcelas de uma dívida é composto pelo montante financiado, mais os juros.
Assim, para entender o que é amortização e as diferenças entre os sistemas, devemos considerar a redução do saldo devedor, ou seja, do valor financiado (seja em um financiamento ou empréstimo).
Em linhas gerais, os diferenças entre os sistemas se referem ao saldo devedor amortizado e ao valor das parcelas:
- SAC: parcelas com valor decrescente e amortização fixa;
- Tabela Price: parcelas com valor fixo e amortização crescente;
- Sistema de Amortização Misto (SAM): opção intermediária entre os dois sistemas.
SAC
O sistema de amortização SAC é utilizado principalmente em financiamentos de imóveis.
Nele, a amortização do valor financiado é fixa, porém, o custo das parcelas é variável. Em geral, as parcelas começam mais altas e vão diminuindo conforme o contrato avança.
Isso ocorre porque, nesse sistema, os juros são calculados mensalmente sobre o saldo devedor, que reduz a cada mês, já que a amortização é constante.
Como exemplo, vamos simular o cálculo de um financiamento de R$ 60 mil, com juros de 5% ao mês, em 5 parcelas, utilizando o SAC.
Para calcular o valor da amortização fixa, dividimos o saldo devedor pelo número de parcelas, chegando a R$ 12 mil como resultado.
Sendo assim, a cada parcela paga, R$ 12 mil são abatidos do saldo devedor. E o valor da prestação corresponde ao saldo devedor, mais os juros. Dessa forma, as parcelas teriam os seguintes valores:
1ª parcela | R$ 15. 000 |
2ª parcela | R$ 14. 400 |
3ª parcela | R$ 13.800 |
4ª parcela | R$ 13.200 |
5ª parcela | R$ 12.600 |
Tabela Price
No sistema Price, o valor das parcelas é fixo durante o contrato. Mas a amortização, ou seja, a redução do saldo devedor, varia.
Dessa forma, a proporção dos juros nas parcelas vai reduzindo com o tempo. Logo, as primeiras prestações são compostas principalmente por juros, com menor abatimento do saldo devedor.
A Tabela Price costuma ser usada em financiamentos de veículos e para a compra de produtos no crediário.
Então, usando o mesmo exemplo de um financiamento de R$ 60 mil, com juros de 5% ao mês e prazo de 5 meses (5 parcelas), as prestações teriam o valor fixo de R$ 13.858,49.
O valor das parcelas é calculado a partir da fórmula:
Parcela = 1 IN I1IN – 1
As variáveis da fórmula são:
I = taxa de juros;
N = número de parcelas.
Assim, como a amortização corresponde ao valor da parcela menos os juros pagos, os valores amortizados seriam:
Parcela | Valor amortizado |
1ª | R$ 10.858, 49 |
2ª | R$ 11.401, 41 |
3ª | R$ 11.971, 48 |
4ª | R$ 12.570, 06 |
5ª | R$ 13.198, 56 |
Sistema de Amortização Misto (SAM)
O Sistema de Amortização Misto (SAM) é uma modalidade de financiamento que combina características dos dois principais sistemas de amortização disponíveis no Brasil: o Sistema de Amortização Constante (SAC) e a Tabela Price.
No SAM, as parcelas são calculadas com base na média aritmética das parcelas do SAC e da Tabela Price.
Isso resulta em um equilíbrio entre parcelas decrescentes e fixas, oferecendo uma opção intermediária entre os dois sistemas.
O SAM pode ser interessante por combinar as vantagens dos sistemas SAC e Price, proporcionando um custo efetivo total (CET) mais equilibrado.
Além disso, o SAM também oferece uma maior flexibilidade nas parcelas, já que as iniciais são mais altas do que no SAC, mas menores do que as aplicadas na Tabela Price, tornando o pagamento inicial mais acessível.
Como desvantagens do SAM podemos citar sua complexidade, já que pode ser mais difícil de entender e comparar com outros sistemas de amortização e também a variação do custo das parcelas, o que pode dificultar o planejamento financeiro.
Taxa de amortização pós e pré-fixada
A taxa de juros para amortizar uma dívida pode ser pré ou pós-fixada. Na primeira opção, o percentual de juros para o cálculo das parcelas é fixo, já informado na data de assinatura do contrato.
Já a taxa pós-fixada segue a variação de algum indicador econômico, como os índices de inflação e a taxa Selic.
Como amortizar uma dívida?
Como vimos, é possível amortizar uma dívida fazendo os pagamentos nas datas previstas em contrato.
Porém, se a ideia é amortizar mais rápido, é possível fazer o pagamento antecipado de parcelas.
Aliás, em alguns casos, a instituição responsável permite simular o desconto nas parcelas ou redução tempo de financiamento, em seu aplicativo ou site.
Caso contrário, é preciso entrar em contato com a instituição para consultar os valores.
Para a amortização de empréstimos, em geral, é necessário entrar em contato com a instituição para solicitar a antecipação de parcelas, ou do saldo devedor total, e saber qual o montante a ser pago.
Vale a pena amortizar? Ou é melhor investir?
O artigo 52 do CDC (Código de Defesa do Consumidor) garante à pessoa consumidora o direito de antecipar a quitação de um débito referente a crédito ou financiamento, com redução proporcional dos juros e acréscimos.
Em alguns momentos, quando um dinheiro extra entra na conta, quem possui um financiamento ou qualquer outra dívida de crédito, pode ficar em dúvida entre amortizar o débito ou investir.
Para saber o que vale mais a pena é preciso considerar, em linhas gerais, o Custo Efetivo Total (CET) da dívida versus a rentabilidade líquida do investimento escolhido.
Para ficar claro, amortizar uma dívida com CET de 2% ao mês seria, em termos de retorno, o equivalente a um investimento com retorno líquido de 2% ao mês.
Isso significa que investir em uma aplicação com rentabilidade líquida de 1% ao mês seria menos vantajoso que amortizar a dívida.
Mas para além da rentabilidade é preciso considerar os riscos também.
Se por um lado a amortização, além de não oferecer risco, reduz o saldo devedor e melhora a saúde financeira, por outro, imobiliza o dinheiro em caso de emergência.
Já o investimento, por mais que apresente risco, pode trazer uma rentabilidade interessante no futuro, além de oferecer liquidez (acesso ao dinheiro em caso de necessidade).
É possível usar o FGTS para amortizar financiamentos imobiliários?
Sim, é possível utilizar o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço para amortização de financiamentos imobiliários.
Isso significa que o trabalhador pode usar o saldo do FGTS para quitar ou amortizar a dívida do financiamento, o que pode ajudar a reduzir o valor das parcelas, proporcionando alívio no comprometimento mensal da renda, ou até mesmo liquidar o saldo devedor.
Basicamente, para usar o FGTS na amortização de um financiamento, é preciso entrar em contato com o banco onde o financiamento foi feito, solicitar a utilização do fundo para amortização e apresentar os documentos que comprovem o saldo do FGTS disponível.
Mas é importante saber que o FGTS pode ser utilizado para abater até 80% do valor da parcela por até 12 meses, desde que o valor do imóvel esteja dentro do limite estabelecido pelo SFH (Sistema Financeiro de Habitação).
O que é sistema de pagamento variável?
O sistema de pagamento variável funciona com pagamentos periódicos de valores variáveis, de acordo com a condição do devedor.
É uma forma de garantir que as parcelas sejam ajustadas às condições financeiras do mutuário ou às variações do mercado.
É um sistema de amortização utilizado com maior recorrência pelos cartões de crédito convencionais (crédito rotativo).
Agora que você já sabe o que é amortização e quais os principais sistemas de cálculo, pode continuar aprendendo sobre conceitos financeiros com um artigo sobre endividamento.