Liberdade e autonomia são alguns dos principais atrativos para quem deseja trabalhar por conta própria e, assim como outras áreas, o Direito tem permitido que cada vez mais profissionais tenham seu próprio negócio. Mas, para aumentar as chances de sucesso na jornada empreendedora, é preciso que o profissional comece sabendo como fazer um plano de negócios para escritórios de advocacia bem estruturado.
Vamos entender um pouco mais sobre como montar esse plano e se destacar entre a concorrência?
O que é um plano de negócios para escritórios de advocacia?
Basicamente, um plano de negócios é um documento que estrutura e define diversos aspectos de uma empresa: sua missão, área de atuação, investimentos iniciais, o fluxo de caixa necessário, público-alvo, modelo de oferta e precificação etc.
Em um plano de negócios para escritórios de advocacia, isso estará relacionado:
- À missão do seu negócio;
- À composição do escritório (se será feita por um sócio único ou mais pessoas);
- Ao investimento inicial, capital de giro e conta empresarial definidos;
- A sua localização;
- Os ramos jurídicos em que se deseja atuar.
Embora seja deixado de lado por muitos empresários, um plano de negócios bem estruturado pode fazer a diferença para o sucesso do seu escritório. Afinal, é importante lembrar: empreender no Brasil é uma tarefa desafiadora.
De acordo com uma pesquisa de 2020 realizada pelo Sebrae, a taxa de mortalidade de empresas com até cinco anos de vida chegou a 17% e 21,6% entre empresas de pequeno porte e microempresas, respectivamente. Entre as da modalidade do tipo MEI (Microempreendedor Individual), este número foi ainda maior: 29%.
A falta de um planejamento prévio sobre o negócio é um dos fatores determinantes para esses altos percentuais. Lembre-se sempre: tão importante quanto abrir o próprio escritório é conquistar resultados de maneira consistente no mercado.
Estrutura de um plano de negócios para escritórios de advocacia
Para criar um bom plano de negócios para escritórios de advocacia, o ideal é dividir esse planejamento em algumas etapas. A seguir, detalhamos cada uma delas:
1. Missão
A missão do seu escritório está diretamente relacionada àquilo que se pretende, de fato, oferecer ao seu público-alvo. É preciso olhar com atenção para a área jurídica em que se deseja atuar e, a partir disso, estabelecer os critérios que definirão os valores a serem construídos e firmados na sua empresa.
2. Ramo de atuação
Hoje, dentro do Direito, é possível atuar em diversas linhas: Direito Civil, Empresarial, Ambiental, Digital, do Consumidor e Tributário são algumas das áreas que estão em maior evidência no mercado. Para atrair o público certo, é preciso buscar especialização e se posicionar para o público com a expertise necessária para o atendimento de uma delas.
O importante nesta fase é definir o tipo de atuação jurídica na qual seu escritório estará focado. Embora isso não signifique um fator que limita seu campo de trabalho, é importante ter em mente de que você poderá não dar conta de tudo — quanto mais ampla for a área que você desejar atender, maior poderá ser a necessidade de mais profissionais na sua empresa.
3. Público-alvo
Depois de estabelecer sua área de atuação, é hora de partir para a definição do seu público-alvo. É a partir dele que diversos outros esforços serão direcionados: especialização dos profissionais do escritório, modelos de precificação ou mesmo ações de comunicação ou relacionamento, como ações de marketing digital, tão comuns e necessárias a quem empreende.
Vamos supor que você deseja atuar no Direito Empresarial. Quem ou quais tipos de empresas você buscará atender? Grandes organizações que demandam mais tempo na resolução de conflitos, mas com perspectivas de maiores ganhos futuros? Pequenas empresas com problemas menos complexos, com ganhos menores, mas em maior volume e/ou menor tempo de resolução?
A região em que você pretende atuar na área escolhida possui um público-alvo consistente? Se você deseja trabalhar mais fortemente com Direito Digital, por exemplo, faz sentido fazer isso em uma cidade/região de maior predominância da agroindústria, com poucas empresas de tecnologia?
É importante lembrar que, embora isso sirva de base para definir o que será oferecido a este público em específico, não se deve olhar para isso de maneira limitante – com o crescimento das operações, outros públicos ou mesmo áreas de trabalho podem ser agregadas, desde que seja feito de maneira gradual.
4. Análise da concorrência
Outra etapa importantíssima em um plano de negócios para escritórios de advocacia é analisar a sua concorrência para entender mais sobre o mercado em que pretende atuar. E nada de constrangimentos nessa hora: o foco está no seu próprio negócio, e um estudo profissional e sério a respeito dos seus concorrentes pode ser crucial para que você identifique fraquezas, potenciais oportunidades e caminhos para oferecer um serviço jurídico diferenciado.
O que outros escritórios e/ou profissionais do mesmo ramo jurídico têm oferecido aos clientes? Como é feita e organizada a “jornada do cliente”, do primeiro contato por e-mail ou no balcão da recepção até o atendimento pelo advogado?
Outros pontos que você deve considerar nesta fase no seu plano de negócios são:
- Localização dos escritórios;
- Especializações e/ou áreas atendidas;
- Comunicação e atendimento junto aos clientes;
- Necessidades não atendidas pelos concorrentes.
5. Definição e precificação dos serviços
O Código de Ética da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), a partir de seu artigo 35, aborda uma extensa lista de recomendações quanto aos honorários advocatícios. Em linhas gerais, a cobrança de honorários deve seguir um piso mínimo definido para cada estado. A cobrança de valores mais baixos é permitida, desde que direcionada a clientes carentes e com análise prévia do órgão.
A cobrança de honorários em valores superiores ao do piso também é permitida, desde que sejam respeitados fatores como a experiência do profissional, tempo necessário, complexidade do caso, especializações obtidas etc.
Neste momento, vale também um bom mapeamento da concorrência com relação aos valores praticados. Considere sempre nessa análise o tempo de atividade do concorrente, o atendimento prestado, equipes envolvidas e a experiência/qualificações de seus profissionais.
6. Gestão das demandas
Um plano de negócios para um escritório de advocacia deve prever também como será feito o tratamento das demandas jurídicas recebidas pela empresa. Qual será o fluxo de trabalho sobre cada processo? Como o atendimento inicial será executado e, a partir dele, como as demais etapas serão conduzidas?
Ter uma agenda definida e organizada, com processos e clientes bem distribuídos, evita contratempos. Procure também, desde o início, estabelecer como serão organizados todos os arquivos, peças e demais documentações pertinentes aos processos.
Considere levantar — e calcular na sua planilha de custos — os valores para o armazenamento de documentos em plataformas eletrônicas “na nuvem”, que oferecem mais segurança e possibilidades de backup que meios físicos, como HDs de computadores ou pendrives.
Agora que você já sabe como fazer um plano de negócios para escritórios de advocacia e entende a importância desse planejamento para aumentar as chances de sucesso da sua empresa, chegou a hora de colocá-lo em prática. Esperamos que este conteúdo tenha sido útil para você!