Investir tem se tornado um hábito financeiro cada vez mais recorrente entre os brasileiros. E a renda fixa é uma das modalidades de investimento preferidas.
Para se ter ideia, segundo um estudo da B3, o volume investido pelo brasileiro aumentou 20% em 2023, puxado pela renda fixa, chegando a um volume total investido de R$ 2,4 trilhões.
E mais: o número de investidores chegou a 18,1 milhões, elevação de 8% no ano (até setembro), sendo que os brasileiros com investimentos de renda fixa somaram 15,6 milhões (subida de 12% em comparação a dezembro de 2022).
Se você também quer investir em renda fixa, mas não entende o que é e como funciona este tipo de investimento, este artigo foi feito para você.
Continue a leitura e fique por dentro de tudo que é preciso saber sobre renda fixa.
O que é renda fixa e como funciona?
Renda fixa é um tipo de investimento cujo o cálculo da remuneração é previamente definido e conhecido desde o momento da aplicação.
Basicamente, quem compra um título de renda fixa está emprestando dinheiro para alguém tendo conhecimento pleno das condições desse empréstimo desde o início (prazos, taxas, índices de referência e detalhes quanto à negociação dos papéis).
Quem toma este empréstimo são os emissores dos títulos de renda fixa. Eles podem ser o próprio governo (que emitem títulos públicos), empresas (que emitem debêntures), instituições financeiras (que emitem, por exemplo, CDBs e letras de crédito LCI e LCA), securitizadoras (que emitem CRIs e CRAs), entre outros.
Assim, ao aplicar em um título de renda fixa o investidor espera receber o valor aplicado de volta no futuro, mais os juros, que são a remuneração pelo tempo em que o recurso ficou emprestado.
Por isso o nome: renda fixa. Ainda assim, é importante deixar claro que renda fixa não quer dizer retorno garantido.
Esses investimentos, por mais que sejam considerados seguros, inclusive muitos possuem cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), também estão sujeitos a riscos de crédito e de mercado.
Qual é a diferença entre renda fixa e renda variável?
A diferença principal entre renda fixa e renda variável é que na renda fixa a remuneração é conhecida desde o momento da aplicação enquanto que, na renda variável, o investidor não consegue saber qual será a rentabilidade do investimento.
Compra de ações de empresas com capital aberto (aquelas negociadas em bolsa de valores) é um exemplo de renda variável.
Por mais que seja possível aos investidores e analistas fazerem projeções sobre os papéis e rendimentos, de acordo com a análise do mercado e dos balanços da empresa, não há garantia de nada.
Ou seja: não é possível ter nenhuma certeza sobre qual será o ganho nos próximos meses ou anos, se haverá ganho ou prejuízo.
Já na renda fixa, como explicamos anteriormente, o cálculo da remuneração é definido previamente e conhecido desde o momento da aplicação.
Títulos públicos ou CDBs de bancos são dois famosos exemplos de produtos de renda fixa.
Como funciona o rendimento da renda fixa?
As condições de remuneração da renda fixa variam. Isto é, elas dependem de fatores como: tipo de papel, prazo, quem emitiu. E, no geral, esses investimentos seguem alguns indicadores de referência, sendo os principais a Selic, o CDI e a TR.
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Selic
Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, e serve de referência, por exemplo, para o governo remunerar os investidores que compram seus títulos de dívida.
De forma geral, a Selic baliza todas as operações envolvendo crédito no país, o que inclui os investimentos de renda fixa.
Algumas dessas aplicações têm a Selic como referência direta de remuneração. A poupança, por exemplo, atualmente rende 70% da Selic ao ano. E o Tesouro Selic, título público negociado no Tesouro Direto, paga a taxa básica, mais um pequeno acréscimo (ou, em algumas épocas, um pequeno deságio).
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CDI
O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) representa a média dos juros das operações de empréstimo de curtíssimo prazo realizadas diariamente pelos bancos entre si para ajustes de caixa. Geralmente, o CDI e a Selic apresentam resultados parecidos
Muitas aplicações de renda fixa têm o CDI como referência. Os CDBs, por exemplo, costumam oferecer um percentual do CDI como remuneração.
Inclusive, esse modelo de remuneração (um percentual do rendimento de um indicador) é recorrente nos investimentos de renda fixa.
Leia também | O que é CDI e como ele pode influenciar o seu orçamento?
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TR (Taxa Referencial)
A TR é um terceiro referencial muito comum na renda fixa. A Taxa Referencial serve para corrigir o rendimento da poupança e é calculada a partir das médias das taxas dos CDBs prefixados, emitidos por 30 instituições financeiras.
Por muito tempo (desde setembro de 2017) a TR se manteve zerada. Em dezembro de 2023 o valor da taxa referencial era de 0,07% ao mês, sendo o valor acumulado dos últimos 12 meses de 1,76%, e o acumulado no ano de 2023 até dezembro foi de 1,76%.
É possível consultar diariamente o valor da taxa referencial acessando a Calculadora do Cidadão, do Banco Central.
Quais as formas de remuneração da renda fixa?
Investimentos de renda fixa são classificados em categorias segundo o tipo de rentabilidade. Assim, eles podem ser:
- Títulos prefixados: quando os juros são fixos e determinados no momento em que os papéis são adquiridos. Dessa forma, o investidor consegue saber de antemão quanto receberá em dinheiro no vencimento do título.
- Títulos pós-fixados: quando a remuneração é atrelada a algum indicador de referência (Selic, taxa do CDI). Aqui o investidor sabe previamente a qual indicador o título está atrelado, mas não tem como prever quanto receberá no vencimento do título em reais, já que a taxa pode variar ao longo do tempo.
- Títulos híbridos: quando os papéis possuem características de aplicações pré e pós-fixadas ao mesmo tempo (por exemplo, quando uma parcela da remuneração se dá por juros fixos e outra atrelada a um indicador).
Renda fixa é tributável? Existe investimento de RF isento de imposto?
Sim, títulos de renda fixa são, no geral, tributáveis e estão sujeitos a uma tabela regressiva de Imposto de Renda, com alíquotas que diminuem conforme o prazo do investimento.
Mas existem, sim, alguns investimentos de renda fixa que são isentos de Imposto de Renda (poupança, letras de crédito imobiliário e agrícola são alguns exemplos).
Para os títulos de renda fixa a alíquota mais alta é de 22,5%, para aplicações mantidas por até seis meses. E a mais baixa, de 15%, é válida para investimentos mantidos por dois anos ou mais.
No meio deste caminho, é cobrado uma alíquota de 20% para quem fica de seis meses a um ano investidos e de 17,5% para quem permanecer com o dinheiro aplicado entre um e dois anos.
Além do imposto de renda, outro custo recorrente em investimentos de renda fixa é o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que incide sobre os investimentos apenas nos primeiros 30 dias da aplicação.
Isso quer dizer que quem solicitar o resgate nesse período, irá pagar o tributo. No entanto, a cobrança é regressiva de acordo com a quantidade de dias.
Investimentos em renda fixa: 6 principais
As principais aplicações de renda fixa são:
1. Poupança
Não é todo mundo que sabe, mas a poupança é um tipo de investimento de renda fixa.
Na poupança, as regras de funcionamento e de rentabilidade seguem as diretrizes estabelecidas pelo governo. Sendo que não são cobradas taxas para aplicar na poupança, nem Imposto de Renda (isso quer dizer que os rendimentos da poupança são isentos de tributação).
A remuneração oferecida para quem investe é a mesma em todas as instituições financeiras – desde 2012, varia de acordo com o patamar em que se encontra a Selic, a taxa básica de juros do país.
Assim, o rendimento da poupança é de 0,5% ao mês mais a variação da TR sempre que a Selic estiver acima de 8,5% ao ano.
Já quando a Selic estiver igual ou abaixo deste patamar, a rentabilidade é equivalente a 70% da Selic mais a variação da TR.
Vale deixar claro que quem possui poupanças anteriores a 2012 recebe rendimentos como antigamente: 0,5% ao mês mais a variação da TR.
2. Títulos Públicos
Investir em títulos públicos é, na prática, emprestar dinheiro para o governo. É por isso que este tipo de produto é considerado um dos mais seguros para se investir.
O Tesouro Direto é o canal para se fazer este tipo de investimento. Ele foi criado em 2002 pelo governo federal justamente com o propósito de captar recursos e financiar as dívidas públicas, facilitando as aplicações das pessoas físicas.
No sistema , existem papéis de três tipos diferentes:
- Prefixados (Tesouro Prefixado e Tesouro Prefixado com Juros Semestrais);
- Pós-fixados (Tesouro Selic)
- Híbridos, atrelados à inflação (Tesouro IPCA+ e Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais).
Existem algumas taxas para investir em títulos públicos que podem ser aplicadas dependendo do produto escolhido: tarifa de custódia, paga à B3 (isso porque é a bolsa de valores que organiza o sistema do Tesouro Direto) e taxa de administração, cobrada por alguns bancos e corretoras que fazem a intermediação das operações.
3. CDBs
CDB quer dizer Certificado de Depósito Bancário. Nada mais é do que emprestar dinheiro aos bancos e receber uma remuneração por isso, em um prazo determinado.
Um dos pontos mais atrativos do CDB para os investidores é que ele possui regras de remuneração definidas no momento da aplicação no título.
Essas regras estipulam o prazo e a forma que a remuneração será calculada e paga. E, por isso, são tipos de investimentos mais conservadores, que apresentam mais segurança para quem investe.
Os CDBs mais comuns são pós-fixados e oferecem como remuneração um percentual de algum índice de referência de renda fixa – normalmente, a taxa do CDI.
CDI quer dizer Certificados de Depósito Interbancário. Trata-se de um título emitido por instituições financeiras com objetivo de transferir recursos entre bancos para ajustes dos caixas.
É importante evidenciar que os rendimentos do CDB são tributados pelo Imposto de Renda.
Leia também | CDB: entenda o que é e como funciona
4. Debêntures
Debêntures são títulos de crédito emitidos por empresas e negociados no mercado de capitais. Eles representam uma dívida, assim como os títulos públicos e os CDBs. A diferença está em quem as emite (não são bancos, nem o governo, mas sim empresas).
No geral, os recursos levantados pelas empresas com as debêntures servem para financiar projetos de grande porte (construção de uma nova fábrica, expansão internacional, implementação de nova tecnologia, etc).
É por isso que as debêntures costumam ter um vencimento mais longo que outros produtos de renda fixa (cinco, dez anos, ou mais).
As debêntures também podem ter retornos prefixados, pós-fixados ou híbridos. E geralmente são tributadas pela tabela regressiva do Imposto de Renda (exceto as debêntures incentivadas, que são usadas para captar recursos para a realização de grandes obras de infraestrutura no país).
5. Letras de crédito (LCI e LCA)
As letras de crédito imobiliário (LCI) e as do agronegócio (LCA) são títulos de renda fixa emitidos por instituições financeiras,
Essas instituições repassam os valores captados por meio das letras, em forma de empréstimo, para as empresas que querem investir no setor imobiliário e no agronegócio.
As letras de crédito são isentas de Imposto de Renda e as pós-fixadas são mais comuns.
6. CRI e CRA
Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e do Agronegócio (CRA) são títulos de Renda Fixa emitidos por securitizadoras que representam créditos imobiliários ou agrícolas.
Eles permitem que os emissores transformem esses créditos em títulos negociáveis no mercado financeiro, gerando recursos para novos investimentos.
Os CRIs e CRAs, em linhas gerais, oferecem rentabilidade atrativa, diversificação de investimentos e baixo risco de crédito. Além disso, são isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas.
É seguro investir em renda fixa? Quais as vantagens?
Todo investimento, seja de renda fixa ou de renda variável, possui algum risco. No entanto, em comparação com os investimentos em bolsa de valores, por exemplo, podemos dizer que comprar títulos de renda fixa pode ser mais seguro.
Inclusive, muitos dos produtos de renda fixa são assegurados pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito), uma instituição privada, sem fins lucrativos, que surgiu nos anos 1990 no Brasil com o objetivo de proteger investidores no âmbito do sistema financeiro nacional e prevenir o risco de uma crise bancária sistêmica.
Na prática, se o banco que emitiu um CDB falir e você tiver comprado um título desta instituição, o FGC irá devolver o seu dinheiro. No entanto, o valor máximo coberto pelo fundo é de R$ 250 mil por CPF ou CNPJ em cada conglomerado financeiro.
Assim, para quem está começando a investir, a renda fixa é um ótimo caminho. Suas principais vantagens são:
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- Segurança e previsibilidade;
- Variedade de produtos;
- Possibilidade de isenção de impostos;
- Acessibilidade (existem papéis com aportes iniciais de menos de R$ 100);
- Praticidade para investir;
- Liquidez para sacar em caso de necessidade;
- Estratégico para diversificação de carteira de investimentos e mitigação de riscos.
Qual o comportamento da renda fixa em diferentes cenários econômicos?
A renda fixa se comporta de diferentes maneiras dependendo do contexto econômico.
Em períodos de recessão, os investimentos deste tipo acabam sendo vistos como os mais seguros, pois oferecem previsibilidade e segurança em um momento em que o mercado de ações está mais volátil.
Mas é preciso prestar atenção aos rendimentos neste cenário. Isso porque as taxas de juros geralmente são reduzidas em épocas de recessão para estimular a economia.
Quando a inflação está elevada, os rendimentos do investimento de renda fixa também podem ser prejudicados. Por exemplo, se a inflação está em 6% ao ano e o seu investimento rende 8%, o rendimento real é de 2% apenas.
Por isso, em cenários de inflação alta, títulos atrelados a índices de inflação, como os títulos híbridos (IPCA +, por exemplo), podem ser opções mais vantajosas.
Já quando as taxas de juros mudam, a renda fixa também é diretamente impactada. Quando as taxas aumentam, os preços dos títulos já disponíveis no mercado tendem a cair (isso porque novos títulos serão emitidos com taxas mais atraentes).
Quando as taxas caem, os títulos existentes se valorizam. Ter este conhecimento é fundamental para compreender qual é o melhor momento para comprar ou vender títulos de renda fixa.
Como investir em renda fixa
É possível investir em renda fixa fazendo aplicações via bancos tradicionais, digitais e corretoras.
Hoje em dia, é ainda mais fácil fazer investimentos. Basta abrir o pelo próprio aplicativo dos bancos e em poucos minutos concluir as operações de compra de títulos de renda fixa.
Quem quiser adquirir títulos públicos, também consegue fazer isso pela internet, diretamente pelo site do Tesouro Direto.
É possível investir em renda fixa pela Cora?
Não, por enquanto essa não é uma possibilidade. A conta Cora ainda não oferece opções de investimentos.
No entanto, estamos trabalhando nesse sentido e, em breve, teremos novidades! Fique de olho nos nossos conteúdos e comunicações para ficar sabendo em primeira mão!
E agora você já sabe tudo sobre renda fixa! Se gostou do artigo, continue acompanhando o blog da Cora.
Até a próxima!